O 1º Aniversário do nosso Blog

Fez ontem, dia 2 de Outubro, um ano que esta aventura começou. E começou com o compromisso de o manter "vivo e actualizado", falando de "tudo e de todos".

Fazendo o balanço, penso que, em grande medida, este compromisso foi cumprido, apesar de terem surgido alguns períodos de quebra. Contudo, serão sempre os destinatários deste Blog que melhor poderão dizer sobre a sua actualidade, participação, etc., etc.

Uma das coisas mais fantásticas que este ano nos deu foi o "bum" pré-natal - alguns Santamarotinhos já connosco convivem, outros estão mesmo aí a chegar. Mas também as festas, os jantares, os almoços e, principalmente, os "programas inesperados" saídos daquelas ideias que são iluminadas pelo entardecer (sempre fantástico) de Santo Amaro.

Mas nem só de coisas boas o ano foi construído. Foi, até, um ano bastante atribulado para muitos de nós. E a propósito disto, na semana passada li uma entrevista ao escritor António Lobo Antunes (a quem lhe foi detectado um cancro no início do ano), que me apetece hoje publicar um excerto, porque exprime bem a força de vontade que é preciso ter para enfrentar os mais pesados desaires:

(...). Compreendi a frase de Hemingway, quando quiseram saber o que é que ele achava da morte e a resposta dele foi: «Outra puta.» Porque a morte é sempre uma puta e, a uma puta, não se pode dar confiança. Uma amiga, que é minha médica, disse-me: «Tens que aprender a viver com isto.» Não, não tenho. Não tenho que viver com um filho da puta. Eu não vivo com um cabrão, quero destruí-lo, não quero viver com ele. Tem que ter pulso firme? Tem que lutar contra aquilo. O cancro habita-me, está dentro de mim. E queria portar-me com a mesma dignidade com que acho que me portei na guerra. (...). Portanto, o tratamento é como fazer um aborto desse monstro que nos quer destruir. Quando ia às sessões de radioterapia, encontrava pessoas de todas as idades. Lembro-me sobretudo de uma rapariga de 20 anos que usava uma cabeleira postiça. Percebia-se logo que a cabeleira era postiça, mas ela usava-a com tanta dignidade que era como se fosse uma coroa. Uma coroa de rainha. E era, de facto, uma rainha que ali estava.

(...) in Visão, 28Set07

Um grande abraço para todos os SANTAMAROTOS, deste vosso escriba, que renova o compromisso por mais um ano.